?>

O Samba da Pauliceia e sua Gente

image
10/04

O Samba da Pauliceia e sua Gente


O Samba da Pauliceia e Sua Gente, o novo trabalho da Cia Coisas Nossas de teatro, mergulha na historia do samba paulistano e nas transformacoes urbanas que afetam os locais emblematicos dessa manifestacao artistica na cidade.

O trabalho tem direcao geral de Cristiano Tomiossi, que esta no elenco ao lado dos artistas-criadores Carlota Joaquina, Aldo Bueno, Tigana Macedo, Jose Eduardo Renno, Tayrone Porto, Livia Camargo, Joaz Campos, Beatriz Amado, Roquildes Junior, Miro Parma, Alexandre Moura, Ildo Silva, Debora Veneziani e Zuba Janaina. A dramaturgia foi criada por Paulo Rogerio Lopes e conta com a colaboracao dos artistas da companhia.

A trama se desenrola durante os momentos finais da Vila Primavera, uma ficticia comunidade paulistana do samba que esta prestes a ser despejada para dar lugar ao suposto progresso da cidade. Os moradores se reunem para uma emocionante despedida, decidindo celebrar sua cultura e identidade por meio de uma ultima noite de samba.

Para isso, eles pedem ajuda a Madrinha, a moradora mais antiga e guardia das memorias da comunidade. Ao longo da peca, ela compartilha suas experiencias e memorias, transportando os personagens e o publico para o passado e "pincelando? fatos que fazem parte da historia do samba em Sao Paulo.

A partir das vivencias dos moradores da Vila Primavera, o espetaculo revisita das raizes do samba ate a sua consolidacao como uma expressao cultural de resistencia. Ao mesmo tempo, propoe uma reflexao sobre as mudancas urbanas que impactaram os territorios pretos, bairros historicos do samba, e as consequencias dessas transformacoes para a comunidade.

A montagem transmite a forca e a resiliencia de uma comunidade que luta para manter sua identidade. E convida os espectadores para refletir sobre a importancia de preservar as raizes culturais mais autenticas e valorizar a memoria coletiva, alem de destacar o samba como bandeira de resistencia e como uma manifestacao que carrega consigo a historia e a voz do povo.

Descricao do Processo O Samba da Pauliceia e sua Gente

O Samba da Pauliceia e sua Gente e a mais recente etapa da Cia Coisas Nossas em sua trajetoria de pesquisa das relacoes entre a musica popular e o teatro. Ja trabalhamos, anteriormente, sobre cancoes de Noel Rosa, Vinicius de Moraes, Braguinha, Dorival Caymmi... Cada um desses repertorios, aliados a suas dramaturgias especificas, nos puseram em contato com diferentes contextos historicos e sociais, diferentes esteticas e formas de representar e interagir com esses diversos contextos.

A capacidade de penetracao da musica popular nos diversos tecidos da sociedade, de perdurar na memoria do publico, de tocar seu coracao, nos atraem desde o inicio para essa forma de fazer arte, trazendo-a como uma aliada estetica dentro da cena.

O projeto previa a construcao de uma nova dramaturgia. Ja tinhamos uma pesquisa historica e de repertorio sobre o tema. Conheciamos cancoes, personagens, locais representativos. Mas estavamos diante das dificuldades impostas pelo tamanho de nosso proprio desejo, nossa propria proposta de representar, de alguma maneira, as variadas raizes que formam o samba de Sao Paulo. Tinhamos um grande mapa aberto, com historias, imagens, cancoes, mas ainda faltava tracar um caminho, um recorte. Faltava construir um texto.

Em cima do repertorio e da pesquisa historica, o dramaturgo Paulo Rogerio Lopes trouxe sua proposta inicial de dramaturgia: a ultima noite em que os moradores passam na ?Vila Primavera?, enquanto aguardam a acao de despejo que esta marcada para a manha seguinte. Decidem fazer sua ultima roda de samba ali e homenagear a Madrinha, a moradora mais antiga daquele lugar.

E a Madrinha, misturando memorias e talvez devaneios, quem conduz a narrativa pelos diversos tempos, pelos diversos territorios do samba, mostrando suas varias glorias e despejos... Essa atitude da Madrinha e que propoe o mecanismo que permite a musica da peca ser trabalhada como um caleidoscopio, como uma mandala, como um sistema de astros que orbitam entre si, como um chao de cacos de ladrilho que compoem uma imagem unica, feita de varios pedacos, no passeio de uma casa paulistana.